segunda-feira, 17 de outubro de 2011

carpe diem (II parte)

Infelizmente, Michelangelo nunca conseguiu curtir todas as riquezas que ele acumulou durante a propria vida, pois ele se sentia sempre ameaçado pelos outros. Até com a sua familia. Uma vez se conta que ele, enviando 100 ducados (R$ 20000) para o pai que queria abrir uma oficina para um de seus irmãos, deixou claro escrevendo uma carta na qual ele especificava que mandava o dinheiro com muito sacrificio, pois era uma parte do sustentamento dele e por isso não achava justo que eles o cobrassem.
Outros artistas, muito pelo contrario, tinham uma visão da vida bem diferente, gostavam de curtir o momento e alguns foram até muito generosos. Por exemplo, parece que Leonardo fosse o exato contrario do Michelangelo, pois não gostava de ser condicionado pelo dinheiro. Segundo pesquisas confiaveis, Leonardo era uma pessoa muito altruísta, que ajudava os amigos em dificuldades oferecendo grandes partes das suas entradas. E durante toda a vida, sempre deu a prioridade para a profissão dele, bem mais do que o dinheiro. Basta pensar que segundo o testamento, Leonardo, que sempre se considerou um cientista mais do que pintor, deixou todos os documentos, desenhos e projetos para o aluno preferido dele e as pinturas (Mona Lisa, Sao Gerolamo que hoje são de valor inestimavel) para o segundo discipulo. Mas serà que os dois ficaram felizes igualmente???
E Rafael? Jà de origem nobre (o pai dele morreu cedo e deixou um legado substancial para ele), nunca se preocupou muito com o dinheiro. Para ele, o dinheiro entrava e saia, mas nunca faltava. Graças ao seu talento e capacidades, se tornou um dos artistas mais procurados da epoca dele quando era ainda muito novo. Por isso recebia numerosos pedidos, que ele atendia com grande sabedoria e rapidez, tambem porque dispunha de uma equipe de colaboradores referenciados. Deste ponto de vista, ele era muito diferente do Michelangelo que nunca gostou de colaboradores (até para selecionar os materiais de trabalho ele ia pessoalmente até as minas na montanha para escolher o marmore adequado, fato que representava um limite para o grande mestre, que para cuidar de todos os detalhes, acabava atrasando muito antes de completar as obras). Rafael, cobrava seus trabalhos carissimos (tinha que considerar tambem o custo da mão de obra), mas delegando seus discipulos conseguia realizar tudo em pouco tempo, com grande satisfação dos commissionadores. Para a "Sala de Constantino", um dos quartos do apartamento de Julio II, Rafael cobrou 70mil escudos (aprox. 28 milhões de reais!!!), um valor absurdo, considerando que o Michelangelo quis apenas 5mil escudos para esculpir o mausoleu do mesmo papa.
Muito pelo contrario, alguns artistas talentuosos como Caravaggio, nunca conseguiam guardar dinheiro, mesmo ganhando bem com a venda das obras.
Caravaggio, chamado tambem o "artista danado" por causa do estilo de vida luxuoso (gostava de sair com mulheres de programa, apostar dinheiro etc.), não era de origem nobre e quando chegou pela primeira vez em Roma teve que enfrentar varias dificuldades financeiras para sopraviver na cidade do Papa. Para se sustentar vendeu uma das primeiras pinturas ("jovem mordido por um lagarto") por apenas 150 baioccos, atualmente 300 rs (considerem que uma janta num boteco custava 10-12 baioccos). Subsequentemente, quando chegou a ser mais famoso, começou a cobrar mais caro para quadros maiores e articulados: uma media de 200-300 escudos, em rs. aproximadamente 120mil, para uma pintura a oleo. Logicamente, não alcançou o orçamento dos grandes mestres do Renascimento, mas considerando o custo da vida da epoca, recebia valores suficientes para curtir todos os dias (por exemplo, morava em Roma numa casa no centro e pagava 1000rs de aluguel, quando a media era de 500). Mas, mesmo assim, nunca conseguiu viver como burgues, pois gastava mais de quanto ganhava.